Por que nos comparamos com os outros?
Isso atrapalha a carreira?
Entrevistada por Karin Sato, da InfoMoney
A comparação é uma forma de nos avaliarmos. Assim, no dia a dia, comparamos nosso emprego com o de conhecidos, os resultados que obtivemos na empresa com os dos colegas, e até mesmo salários.
"Estamos condicionados a fazer comparações o tempo todo e nem percebemos. Na família, no trabalho, na profissão, na sociedade".
Desde cedo, pais e professores estimulam a comparação, na esperança de motivar as crianças.
"Eles separam os bons dos ruins, os melhores do restante. Há escolas que até mesmo distribuem os alunos nas salas, segundo suas notas".
Como nasce o sentimento de inadequação
O problema é quando a comparação se torna excessiva. Os resultados são a queda da auto-estima, a perda da identidade, o aumento do grau de ansiedade e de insatisfação com relação à vida. Explico: a comparação excessiva com os demais leva a pessoa a perder o foco, no lugar de voltar a si própria e trabalhar seu potencial. Chega uma hora que ela passa a questionar quem verdadeiramente e quais são seus pontos fortes.
"Não é raro os profissionais desejarem ser tão competentes quanto determinado colega ou conhecido. No final, por não conseguirem chegar ao patamar almejado, eles entram numa onda de negatividade e se anulam. A tendência é achar que não é bom o bastante, inteligente o bastante, carismático o bastante...".
A agressividade do mundo corporativo
Na nossa sociedade, ou se perde ou se ganha; ou uma pessoa é boa ou ela é ruim. Não existe um meio termo!!! No mundo corporativo, esse raciocínio fica ainda mais evidente. Iniciativas como o estabelecimento de metas ou mesmo o "funcionário do mês" denotam o quanto é necessário ser o melhor nos dias de hoje.
Pode não ser difícil se destacar e ser o melhor em um dado momento. A questão é: como manter isso? Que tipo de sacrifício o profissional que almeja ser o melhor sempre acaba fazendo? Outro problema é que, se ele é bom sempre, na primeira vez que se equivocar, se sentirá um completo fracasso. E o pior: os outros poderão vê-lo dessa maneira, porque se acostumaram com seus acertos contínuos e o erro se torna algo bastante notável.
"Essa necessidade de, invariavelmente, ser o melhor está muito ligada à infância do indivíduo. Se, quando criança, ele foi estimulado a ser o melhor, o mais inteligente, e se os pais e os professores o desvalorizavam quando não era o melhor, então por toda a vida esse profissional tentará se destacar. E é de se esperar que tenha mais dificuldade de lidar com o fracasso".
Comparação positiva
Alerto para o outro lado da história: o da comparação positiva. Há quem olhe para o outro e se motive, sabendo lidar com os erros e os fracassos. Ele não fica o tempo todo tentando ser quem não é. Portanto, não se sente inadequado ou inferior aos outros. E mais: quem se utiliza da comparação sabe de seus pontos fortes e volta para si mesmo.
Muita Luz para Você
CLARICE BARBOSA
Psicóloga e Psicoterapeuta
Professora de Hatha Yóga